terça-feira, 12 de setembro de 2017

Inclusão digital na EJA

Alunos que fazem parte do projeto em aula de digitação
Esta postagem consta sobre o projeto de Inclusão Digital na EJA, elaborado pelo professor Geraldo Solak , Diretor do CEEJA Professora Ronilce Aparecida Gallo Mainardes.


Objetivo geral

Desenvolver ações de inclusão digital de forma a contribuir para a construção do exercício da cidadania através do domínio dos recursos tecnológicos disponíveis para alunos da EJA.

Objetivos específicos


  • Desenvolver nos alunos da EJA noções básicas de informática;
  • Capacitar os alunos da EJA para utilização dos recursos tecnológicos como ferramenta pedagógica;
  • Instrumentalizar os alunos da EJA para buscar uma requalificação profissional melhorando sua formação escolar;
  • Criar condições necessárias para a equalização através da manuseio de computadores;
  • Promover a inserção dos alunos da EJA no mundo digital;
  • Exercitar a potencialidade do aluno da EJA no raciocínio lógico utilizado pelo computador;
  • Desenvolver aspectos cognitivos e de memória;
  • Desenvolver ações de educação digital junto aos alunos da EJA;
  • Desenvolver a auto-valorização e a confiança do aluno da EJA no uso do computador e de outros instrumentos digitais.



Justificativa

Ao analisar os indicadores sociais, econômicos e educacionais do Brasil percebe-se que a sociedade tem uma grande dívida social com boa parte da população de baixa renda. A inclusão social desse parcela considerável da população brasileira precisa de políticas públicas afirmativas que se reflitam no resgate da cidadania e na equalização dos jovens e adultos que, por motivos diversos, não tiveram a oportunidade de concluir seus estudos na idade adequada.

Sem dúvida alguma a inclusão digital concomitante com a inclusão educacional, seja pela alfabetização ou melhoria dos níveis de escolarização em geral, devem contribuir significativamente para o resgate da cidadania.

Devemos entender a Inclusão digital, como uma ferramenta para melhorar as condições de vida de uma determinada região ou comunidade com ajuda da tecnologia. Incluir digitalmente, no entanto, não significa apenas disponibilizar tablets, computadores e outros recursos tecnológicos às pessoas, mas fazer com que as utilizem de uma forma produtiva e transformadora, de forma que implique na melhoria das condições de vida dessas pessoas.

Num mundo cada vez mais informatizado ignorar a exclusão de determinados grupos sociais do processo de informatização é relega-los a um processo de expansão da exclusão social e ampliação do quadro de desigualdades existentes em nosso país.

Por outro lado, a inclusão digital pode contribuir para amenizar o impacto negativo determinado pela exclusão criada no plano físico e socioeconômico e, que invariavelmente, num efeito cascata acaba se verificando também no campo virtual do ciberespaço, que se apresenta na atualidade como um instrumento de mudança das bases relacionais da sociedade.


Descrição do público alvo

O público alvo do programa é composto basicamente de alunos jovens e adultos, entre 16 e 80 anos, donas de casa, trabalhadores e segurados do INSS em busca de requalificação profissional. São pessoas que por motivos diversos não tiveram a oportunidade de frequentar a escola na idade regular e buscam através da educação a equalização na educação como forma de resgate da cidadania.


Resultados esperados

- Melhora no desempenho escolar ao desenvolver habilidades voltadas para a realização de pesquisa de outras atividades pedagógicas.
- Aumento nos indicadores sociais dos alunos assistidos pelo programa.
- Melhora no currículo facilitando a entrada no mercado de trabalho.
- Adquirir da habilidade de utilização adequada da internet e suas ferramentas.



Referencial teórico

A inclusão digital no Brasil caminha a passos lentos, ainda há muito por fazer, conforme você pode verificar de acordo com a reportagem abaixo, publicada em 08 de agosto de 2007.

As desigualdades digitais reproduzem e reforçam as existentes na sociedade brasileira.

Essa é a principal conclusão do Mapa das Desigualdades Digitais, de autoria do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, publicado pela Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA), em parceria com o Instituto Sangari e o Ministério da Educação. Em 2005, apenas 14,7% da população brasileira de 10 anos ou mais possuía acesso a internet em casa.

Mas a distribuição territorial aponta desigualdade: este índice pode chegar a 4,5% em Alagoas, 2,1% no Maranhão, contra 31,1% no Distrito Federal.

Em relação ao uso da internet em qualquer local, a média nacional é de 21,1% da população de 10 anos ou mais. Alagoas e Maranhão apresentam, respectivamente, 7,6% e 7,7% de acesso, e o Distrito Federal registra 41,1% de índice de uso da rede a partir de qualquer local.

Apenas 2,1% da população de 10 anos ou mais pertencente a classes sociais mais baixas frequentou um centro gratuito para navegar na rede, contra 10,5% que usou em domicílio, 8,3% no trabalho, 5,4% na escola e 4,6% em centros pagos.

A tecnologia hoje esta cada vez mais presente na vida das pessoas seja nas casas, nas empresas ou clubes, sendo que a sociedade como um todo está de tornando informatizada de forma que os diferentes tipos de mídias como rádio, TV, telefone, fax, vídeo, computador e Internet tornam-se potenciais disseminadores de culturas, valores e padrões sociais de comportamento. Cada vez mais o ser humano cria dependências pelos recursos eletrônicos, que passam a coexistir no dia a dia de todos.

Aqueles que de certa forma ficam a margem desse processo podem tornar-se os analfabetos do futuro constituindo-se em indivíduos incapazes de será o indivíduo que não souber decifrar a nova linguagem gerada pelos meios de comunicação.

As novas gerações já estão sendo introduzidas no universo tecnológico disponível nas suas mais diferentes formas, enquanto que, outra parcela da população de adultos de algumas classes sociais tem esse acesso limitado ao uso do celular apenas, o que tem mostrado suas dificuldades em entender a nova linguagem e em lidar com os avanços tecnológicos até mesmo nas questões mais básicas como os eletrodomésticos, celulares, caixas eletrônicos instalados nos bancos, compondo assim uma demanda significativa de iletrados em Informática, ou analfabetos digitais, em todas as áreas da sociedade.

Para Pierre Lèvy (2001: 51) “o ciberespaço será o centro das atividades econômicas, culturais e sociais, tendo a Internet como vetor de reorganização da sociedade que surge para além da cidade física”. Portanto, distâncias geográficas seriam diminuídas com ganhos sociais e de participação na economia que as novas tecnologias possibilitariam, inclusive à parcela excluída da população. No entanto, as exclusões criadas nos planos físico e socioeconômico também se verificam no campo virtual do ciberespaço que ora se institui e muda as bases relacionais da sociedade.

Inclusão Digital nada mais é do que a possibilidade de acesso dos cidadãos de uma sociedade às tecnologias de comunicação e informação, que incluem, entre outras, os computadores e serviços de internet. De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (2003) este acesso pode ser dividido em três tipos: acesso ao capital físico (computador, periféricos etc.), capital humano (aulas de informática, educação básica etc.) e capital social (internet e outras formas de associativismo). Assim, para que a inclusão digital seja completa e sustentável é preciso que o cidadão se aproprie das tecnologias de informação de forma ampla, consciente e autônoma.

Para Bonilha (2007), num país como o Brasil a inclusão digital é fundamental para o desenvolvimento das mais diversas áreas do conhecimento, pois percebe-se que a sociedade revela também uma grande desigualdade de acesso à informação por parte de uma parcela significativa da população e principalmente o acesso as tecnologias da informação, são os chamados excluídos digitais.

De acordo com o sociólogo espanhol Manuel Castells “um excluído digital tem três grandes formas de ser excluído". Primeiro não tem acesso à rede de computadores. Segundo, tem acesso ao sistema de comunicação, mas com uma capacidade técnica muito baixa. Terceiro, (para mim é a mais importante forma de ser excluído e da que menos se fala) é estar conectado à rede e não saber qual o acesso usar, qual a informação buscar, como combinar uma informação com outra e como a utilizar para a vida. (BONILHA, 2007).

Esta é a mais grave porque amplia, aprofunda a exclusão mais séria de toda a História; é a exclusão da educação e da cultura porque o mundo digital se incrementa extraordinariamente. Inclusão Digital é a democratização do acesso às tecnologias da Informação, de forma a permitir a inserção de todos na sociedade da informação.

Inclusão digital é também simplificar a sua rotina diária, maximizar o tempo e as suas potencialidades. Um incluído digitalmente não é aquele que apenas utiliza essa nova linguagem, que é o mundo digital, para trocar e-mails, mas aquele que usufrui desse suporte para melhorar as suas condições de vida.

Segundo Oliveira (2001), a implantação de uma proposta de inclusão digital, depende de três instrumentos básicos que são: o computador, acesso à rede e o domínio dessas ferramentas pois não basta apenas o cidadão possuir um simples computador conectado à internet que iremos considerar ele, um incluído digitalmente.

É fundamental ainda que a inclusão digital volta-se também para o desenvolvimento de tecnologias que ampliem a acessibilidade para usuários com deficiência. Dessa forma, toda a sociedade pode ter acesso a informações disponíveis na Internet, e assim produzir e disseminar conhecimento. 



Conteúdos básicos

Introdução à informática: o computador, ligando, desligando, teclado, mouse entre outros afins.
Sistema Operacional: introdução; área de trabalho; menus e atalhos; minimizando; maximizando e fechando; iniciando uma aplicação; pasta; desligando o computador.
Editor de texto; digitando; digitalizando; colar; copiar; barra de ferramenta; criando documentos;
barra de menu; barra de rolagem;
Internet / e-mail: introdução: aprender a utilizar o navegador; os principais serviços da internet; navegando na internet; e-mail; criando uma conta de e-mail; enviando mensagem.


REFERENCIAS

RONDELLI, E. Quatro passos para a inclusão digital. Sociedade Digital, Ano 1 – N°5, 2003. Disponível em: <http://www.comunicacao.pro.br/setepontos/5/4passos.htm>. Acesso em: Agosto de 2012.
LÉVY, Pierre. A conexão planetária: o mercado, o ciberespaço e a consciência. São Paulo: Editora 34, 2001.

BONILLA, MHS., and OLIVEIRA, PCS. Inclusão digital: ambiguidades em curso. BONILLA, MHS., and PRETTO, NDL., orgs. Inclusão digital: polêmica contemporânea [online]. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 23-48. ISBN 978-85-232-1206-3. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.

OLIVEIRA, Paulo Cezar. Resignificações da inclusão digital: interfaces políticas e perspectivas socioculturais nos infocentros do Programa Identidade Digital. 2007. 178 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador. 2