sexta-feira, 15 de abril de 2016

Quer vencer na vida? Então conheça essa história de vitórias.

A importância do CEEBJA em minha vida.

Lilian Bittencourt Mainardes

Devido a tantas dificuldades que ocorrem na vida das pessoas, muitas vezes elas são obrigadas a parar sua vida estudantil. Os problemas podem ser: a distância, falta de transporte, mudança de localidade, casamentos construídos ou fracassados e muitos outros motivos que se continuasse com a citação encheria esse trabalho e ficaria muito extenso. Os alunos param e acabam achando que passou seu tempo e não têm mais ânimo e, na maioria das vezes, nem incentivo para a volta. Então, diante disso surge uma luz no fim do túnel. A EJA (Educação de Jovens e Adultos) que tem devolvido a muitos, não só a esperança, mas também o poder de realizar um sonho que aparentemente estava acabado ou a possibilidade de prosseguir um caminho que parecia sem saída. Eu sou uma dessas pessoas privilegiadas que, com a ajuda de Deus primeiramente, consegui através da EJA e incentivo familiar prosseguir meu caminho rumo a um sonho que me representava impossível, que era a obtenção de um Curso Superior e uma profissão digna de mediador de conhecimentos. Para deixar mais clara minha história, passo agora a contar a vida de uma menina que nasceu na zona rural, trabalhou na roça e no arado, mas está aqui para dar um exemplo de que a vida não pára com o aparecimento de problemas, mas começa. Que quem traça nosso caminho é Deus, mas, se não fazermos nossa parte nada do que queremos se concretiza. Que é o nosso esforço que faz ser o que somos.


Construindo o futuro


Nasceu, a algum tempo, em uma pequena cidade do interior, na zona rural, uma linda menina e colocaram o nome de Lile. Seus pais residiam em um pequeno sítio, de onde tiravam o necessário para sobrevivência da família.

Passou-se o tempo e a menina foi crescendo. Desde pequena ajudava seus pais na roça. Tirava leite, ajudava no arado, regava as plantas, colhia frutas e verduras, enfim, fazia muitas tarefas que eram úteis para sua família, tanto na roça como na casa.

Morava longa distância da escola, e ia sempre a pé. Sua família tinha muitas dificuldades financeiras, então seu calçado era uma chinela havaiana e sua bolsa escolar era um pacote de macarrão que vinha com uma alça.

Em época de inverno sofria muito frio nos pés, pois para chegar á escola passava pelo meio de fazendas, que estavam com o orvalho congelado. Na fazenda também existiam gado, que muitas vezes corriam atrás dela.

Foi alfabetizada pela mãe e estudou só até o término das primeiras séries dos anos iniciais do Ensino do Fundamental ou 4º série, pois, no seu bairro só existia a escolinha municipal. Para estudar no ginásio era distante e o transporte escolar passava muito longe de sua casa. Ficou dos 9 anos até 17 anos ajudando seus pais no sítio e sem estudar.

Quando a menina estava com 17 anos, encontrou um jovem que residia na cidade e se casou. Residindo na zona urbana, onde os recursos são maiores resolveu fazer uso das oportunidades oferecidas na época.

Como já tinha passado seu tempo para o estudo regular, procurou na cidade a escola EJA (Ensino de Jovens e Adultos) e começou novamente seus estudos. Nessa época ficou grávida do primeiro filho, o que a fez parar mais uma vez com os estudos.

Quando esse filho estava com 4 anos de idade, voltou novamente estudar. No final do Ensino Fundamental II, engravidou novamente, mas agora não parou com os estudos. Foi à escola até os últimos dias de gravidez e após o nascimento do bebê. Dessa vez a situação não foi empecilho para conclusão seus estudos.


Algumas professoras notaram seu esforço e a incentivaram a fazer o curso do Magistério ou Formação de Professores no Ensino Médio. Lile acatou a ideia de seus mestres e começou a cursar o Magistério.


Já no final do curso, quis a vida lhe dar um susto. Teve que fazer uma cirurgia bastante simples, mas, que quase lhe custou a vida devido uma hemorragia interna.



Com a ajuda da comunidade escolar e seus familiares, conseguiu dar a volta por cima e se formou dois meses após deixar a UTI.

Com o diploma do curso de Formação de Docentes em mãos, deu início a seu primeiro curso superior que foi o de Pedagogia. Com 50% do curso de Pedagogia, começou sua segunda faculdade: Artes Visuais. 

Hoje está formada em Pedagogia, é acadêmica do 3º ano do curso de Licenciatura em Arte Visuais exercendo a função de professora pelo Estado e Pós Graduanda em Educação Especial e Inclusiva.


Essa é uma história verídica, a minha história, através do CEEBJA recomecei a busca de novos aprendizados, aproveitando assim, as oportunidades surgidas. 

O objetivo dessa narrativa é mostrar que não importa onde nascemos e nem mesmo nossa situação econômica para que nossos caminhos nos levem para um futuro honroso. Basta termos uma meta e, apesar das dificuldades que sempre surgem em nosso cotidiano, lutarmos com responsabilidade e determinação para conseguirmos chegar no desígnio almejado. Não podemos culpar ninguém pelos acontecimentos de nossa vivência. São nossas e só nossas, as decisões que constroem o nosso futuro.

Para mim, o CEEBJA foi o alicerce na minha carreira educacional. Hoje tenho orgulho em dizer que, a minha formação é fruto do CEEBJA. Sou grata primeiramente a Deus, a meus familiares e aos professores comprometidos que me ajudaram a realizar um sonho o qual parecia tão distante. Foi através do CEEBJA que comecei a enxergar além do que estava ao meu redor, entender que a verdadeira escada para o sucesso é a EDUCAÇÃO e que o conhecimento é a única coisa que ninguém pode lhe roubar, o dinheiro e a fama podem lhe tirar, mas a EDUCAÇÃO não.

Vivemos em uma sociedade competitiva e se pararmos de buscar novos conhecimentos, ficamos para trás e perdemos as oportunidades que a vida nos oferece. É muito difícil para o ser humano sair do comodismo. Sempre procuramos escolher caminhos mais fáceis a percorrer, mas são as dificuldades que nos proporcionam maior sabor em uma conquista.

“ O sucesso nasce do querer, da determinação e da persistência em se chegar a um objetivo”. (José de Alencar)




Lilian e os filhos




CEEBJA 30 ANOS
COMPROMISSO COM EDUCAÇÃO DE QUALIDADE